São várias as notícias que saem quase diariamente sobre o Plano de Recuperação e Resiliência

Mas como é que as empresas, em especial as PME, podem aproveitar efetivamente este ou outros apoios?

O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) é um programa nacional, que irá vigorar até 2026, e que tem como principal objetivo implementar um conjunto de reformas e de investimentos destinados a apoiar e fomentar o crescimento económico após o impacto da pandemia do COVID19 na economia nacional

O PRR baseia-se em seis grandes pilares: Transição Ecológica; Transformação Digital; Crescimento Inteligente, Sustentável e Inclusivo; Coesão Social e Territorial; Saúde e Resiliência Económica, Social e Institucional; e Políticas para a Próxima Geração, Crianças e Jovens, sendo que só algumas destes vertentes se aplicam às empresas.

Contudo, é também importante referir, e principalmente para as empresas que estão habituadas a candidatarem-se a sistemas de incentivos, que a lógica de funcionamento do PRR é ligeiramente diferente dos quadros comunitários anteriores, uma vez que consiste em projetos estruturantes a que as empresas se podem candidatar e não tanto para apoiar uma estratégia individual de cada empresa.


Uma das áreas relevantes para as empresas no âmbito do PPR é o apoio à Transição Digital, que representa cerca de 22% do total do orçamento do plano e com objetivos de impacto bastante relevantes.

Só para as empresas, e na medida de “Transição Digital das Empresas”, estão disponíveis cerca de 450M€ que permitirão contribuir para a transformação dos modelos de negócio das PME portuguesas e para a sua digitalização, visando uma maior competitividade das mesmas. Foram recentemente apresentados dois projetos específicos, cujo período de candidaturas irá decorrer apenas no início de 2022, relativos a “Aceleradoras de Comércio Digital” e “Bairros Comerciais Digitais”.

O projeto Aceleradoras de Comércio Digital tem como objetivo a criação de estruturas de atuação territorial, com recursos humanos e materiais específicos para apoiar as empresas na transição digital. Os beneficiários desta medida são as associações empresariais, sendo que as candidaturas deverão ser apresentadas por consórcios constituídos entre várias Associações Empresariais que garantam a representatividade setorial e territorial. Estarão disponíveis cerca de 55M€, com o objetivo de apoiar cerca de 30 000 PME.

Já o projeto Bairros Comerciais Digitais tem como objetivo a valorização do comércio e serviços, recuperando o conceito de urbanismo comercial, mas na vertente digital. Os beneficiários desta medida são as autarquias locais e associações empresariais ou consórcios entre estas duas entidades, mas o beneficiário final da iniciativa será, naturalmente, os comerciantes e os consumidores finais. Estarão disponíveis cerca de 55M€, com o objetivo de criar 50 bairros comerciais por todo o país.

Estas são apenas medidas exemplificativas do funcionamento e do potencial do PRR para as PME nacionais.


Por outro lado, em breve será disponibilizado às empresas um novo quadro comunitário, o Portugal 2030, que materializa o Acordo de Parceria a estabelecer entre Portugal e a Comissão Europeia, fixando os grandes objetivos estratégicos para a aplicação, entre 2021 e 2027, no montante global de 24M€. O processo está ainda a decorrer, prevendo-se, segundo noticias recentes, que só haverá mais informação relativamente a períodos de candidatura no final do 1º semestre de 2022.

No entanto, e depois deste breve enquadramento, a SBI Consulting sugere que as empresas deverão, desde já, trabalhar internamente de forma a se poderem preparar da melhor forma para aproveitaram destes apoios.

E como podem fazer essa preparação?

  1. Definir a estratégia da empresa no curto e médio prazo.
  2. Definir objetivos concretos e mensuráveis que traduzam essa estratégia
  3. Definir prioridades de investimento
  4. Preparar-se internamente e identificar os recursos necessários para implementar a estratégia definida e alcançar os objetivos identificados
  5. Solicitar vários orçamentos e auscultar o mercado, caso seja necessário
  6. Mas sobretudo fazer uma reflexão de como podem se tornar mais competitivas num mercado cada vez mais global
  7. E estar atento as oportunidades que vão surgir no âmbito do PRR e do Portugal 2030